Alessandra Abreu - Espaço Terapêutico

"Um funcionamento inadequado da psique pode causar tremendos prejuizos ao corpo, da mesma forma que, inversamente, um sofrimento corporal pode afetar a psique, pois psique e corpo não estão separados, mas sim animados por uma mesma vida." Carl Gustav Jung

segunda-feira, 1 de março de 2010

Força Vital



O que vou dizer hoje não é novidade para quem é aluna, paciente ou qualquer pessoa do mundo que conviva comigo... aqui compartilho um ponto de vista estritamente pessoal...
Sou fiel a tradições, gosto de mergulhar e aprender sobre a origem das coisas, conhecer culturas de povos e de me conectar com os caminhos que unem o passado ao presente.
Vocês devem estar pensando... E o que isso tem a ver com a Força Vital?
No antigo Egito, o hieróglifo para a Música era associado à alegria e ao bem-estar. Na Índia e na Grécia Antiga, estudiosos e filósofos comparavam as formas físicas às manifestações musicais, as simetrias eram relacionadas aos sons musicais, sendo também associadas às formas naturais e à Arquitetura. Essas doutrinas antigas acreditavam que a vida e a saúde dependiam da contínua simetria e das interligações harmônicas, que partiam do interior da mente e se expandiam para fora da sociedade e para o mundo natural.
Hoje em dia é tudo tão “pronta-entrega”... a vida atual nos propõe tantos caminhos moldados via “express” que passamos a viver em uma realidade superficial demais. A maioria das pessoas busca resultados a curto prazo, de preferência com o mínimo de investimento pessoal ou financeiro. Escolhem geralmente o resultado “mais rápido” ou “mais barato”. Quando a questão é o desenvolvimento interno, preferem os caminhos que levam à satisfação imediata e passageira aos caminhos que oferecem consistência e profundidade. Os conhecimentos antigos e preciosos que propõem a cura por meio da restauração da integridade musical e da ligação com a Natureza para a cura do corpo e da alma são ignorados. A superficialidade na qual a vida está moldada pode levar à artificialidade e é aí que a Força Vital entra em pauta.
Por exemplo, quando preparo uma essência aromática, uso a matéria prima que vem diretamente extraída da Natureza. Não trabalho com aromas artificiais, pois a minha intenção é que a essência exale não somente o aroma, mas também a Força Vital da planta utilizada na sua preparação. Com certeza a essência se transforma em algo que ultrapassa a simples função de perfumar o ar. Ela também preencherá o ambiente de energia! Eis a diferença entre uma essência natural de Pitanga e uma que possui o aroma de Pitanga artificial e industrializado. Seria mais fácil, rápido e barato procurar a matéria prima industrializada, mas com certeza o efeito seria completamente contrário ao meu propósito!
Voltando à música: em aulas, embora eu inclua músicas de batidas modernas das quais eu também gosto, procuro fazer com que as alunas desenvolvam a sensibilidade musical para apreciarem sons puros de instrumentos originais. Com toda certeza a linguagem destes instrumentos puros (sem sintetizadores ou equalizadores de sons) se comunicarão com nossos corpos e almas de uma maneira diferenciada, na qual passamos a vibrar naturalmente conforme o som. Quanto mais conseguimos nos relacionar com o som do instrumento puro, mais conseguimos fazer o corpo vibrar em sintonias maiores e ampliadas. A música e o movimento do corpo se elevam! A vibração natural dos instrumentos energiza órgãos específicos do nosso corpo e isso estimula a nossa Força Vital!
Por isso queridas, saibam que as músicas modernas são mais fáceis de serem dançadas, mas quem sai da superficialidade e se aprofunda na dança do ventre, vai em busca de um mergulho nas origens da dança. Vai estudar os sons que os instrumentos emitem e como o corpo se comunica a partir deles. Vai desejar usufruir de todos os benefícios desta arte. Vai aprimorar a sensibilidade musical para diferenciar a qualidade das músicas. Vai aprender a oferecer o melhor a si mesma quando for preparar um solo ou uma coreografia. Vai primar pela elegância e vai prezar a tradição. Isso faz toda a diferença!
A vida é corrida sim, precisamos realmente dar conta de muita coisa. Mas já que durante a semana nos dedicamos, entre tantas atividades, à dança, que saibamos fazer deste momento um encontro que deixa a artificialidade e a superficialidade de lado. Que possamos oferecer espaço interno para que a arte possa se expressar na sua forma mais pura e menos comercial. Vamos nos renovar energeticamente a cada aula!

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