" Cada folha de capim tem seu Anjo que se curva sobre ela e sussurra: cresça, cresça!!!" Talmud
Fazendo uma retrospectiva, creio ser este um texto adequado para o final do ano, para nos lembrarmos de como o trabalho interno de um ano todo (e muitas vezes de toda uma vida!), valeu a pena! Serve também como estímulo para os que anseiam por uma nova oportunidade no Ano Novo!
Mas, sabe de uma coisa? A oportunidade é a gente quem cria!
Transformar um padrão interno destrutivo não é nada fácil. É o maior desafio para todos os que lidam com processos psicoterapêuticos.
Sem estas transformações, a Psique fica estagnada e o ser humano não amadurece, não cresce e nem evolui. Fica aprisionado a seus medos, suas dificuldades, traumas e bloqueios. Não encontra em si recursos para avançar em sua caminhada.
E a vida vai travando. Profissão, família, saúde, estudos, relacionamentos, aspirações... Cada um de nós sabe onde foi que o padrão do obstáculo se instalou.
O primeiro passo ao direcionar-se para esta transformação é perceber as oportunidades que fazem com que o padrão simplesmente se repita, de forma automática e cega. Sentimentos de inadequação, frustração, culpa, auto-repreensão e arrependimento costumam se manifestar, pois o Ser percebe que se agrediu novamente. Mas na oportunidade não conseguiu agir diferente, apenas reagiu emocionalmente do mesmo jeito de sempre! Isto quer dizer que apesar da dor por ter repetido o padrão, ainda não há energia de consciência suficiente para impedir este mecanismo automático (registrado no cérebro) de acontecer antes que ele devaste o repertório emocional.
Após um tempo até a percepção deste automatismo cego (atingir esta percepção dá trabalho, mas compensa!), o Ser passa a compreender melhor o que o leva a reagir sempre da mesma forma programada, atraindo experiências de sofrimento. Esta compreensão já traz crescimento, embora não seja ainda a transformação em si. Mas é neste momento que o Ser passa a criar possibilidades e oportunidades para escolher como irá reagir emocionalmente diante de certos estímulos.
Compreende que precisa cuidar de seus medos, mas que não irá guiar e moldar sua vida somente pelos olhares da dor do passado e das dificuldades. Descobre que existem recursos internos saudáveis que lhe ajudam a enfrentar as dores e aprende a utilizar estes recursos para cuidar de si mesmo com mais responsabilidade.
É quando ele começa a passar por desafios em que tem condições de escolher se irá repetir o padrão ou agir de uma forma diferente, resignificada! Sabemos que o padrão está sendo combatido quando, diante do impulso da repetição, o Ser escolhe conscientemente combatê-lo! É quando a Psique consegue integrar suas forças e potenciais para se expressar contra a repetição! Por isso é muito comum o Ser muitas vezes "falhar" nas suas tentativas, pois esta conquista é bastante processual.
Porém, uma vez dentro deste processo, quanto mais o Ser se percebe, mais ele desperta suas capacidades de integração e transformação.
Aprender a fazer diferente requer confiança, criatividade, maturidade e muita, mas muita força de vontade. É preciso alimentar e nutrir a vontade consciente de mudar. Saber que é possível.
Pouco a pouco o Ser se torna capaz de resignificar este padrão, que deixa de ser destrutivo e se transforma em uma capacidade interna. Assim cresce, evolui e caminha.
Você sabe que resignificou uma experiência de padrões distorcidos quando ao passar por algo semelhante, lida com isso sem se machucar e nem se agredir. Age de forma consciente e integrada, percebe que se superou!
Isto é uma super conquista!!! Esta leveza de espírito conquistada aproxima o Ser do divino, pois o conecta fortemente a tudo o que tem de melhor dentro de si!
Não é realmente fácil, mas também não é impossível. Demanda tempo e dedicação.
O que é preciso para começar?
Sair do primeiro e mais básico dos padrões automáticos: parar de dizer "eu sempre fui assim", "comigo sempre foi deste jeito", "todo mundo sabe que sempre fiz assim", imagine como este "sempre" fica viciado em seus processos de pensamento, gerando dos mais simples aos mais incômodos bloqueios internos (e externos!).
Para de camuflar a si mesmo com mentiras emocionais, interrompa o impulso de camuflar a dor e deseje vencer a dificuldade.Deseje verdadeiramente superar-se. Enfrente com coragem este "sempre", até que ele perca a força. Permita-se sair da repetição e experimentar criar possibilidades. Caia e levante até conseguir!!!
E que durante toda a caminhada haja muita persistência, paciência e compreensão!
Um maravilhoso 2012 para todas!!!
Alessandra Abreu
