Alessandra Abreu - Espaço Terapêutico

"Um funcionamento inadequado da psique pode causar tremendos prejuizos ao corpo, da mesma forma que, inversamente, um sofrimento corporal pode afetar a psique, pois psique e corpo não estão separados, mas sim animados por uma mesma vida." Carl Gustav Jung

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

A voz do Ventre e a Voz do Coração




“E a Grande Mãe falou:
Vai minha filha e mostra teu ventre.
Não teu ventre de carne
Mas teu ventre espiritual,
E coloca todos os meus filhos
Neste segundo coração que lhe dei.”
(Luciaurea)



Vamos falar sobre a Aprendizagem que a região do baixo ventre nos proporciona?

O baixo-ventre é a região que regula dos órgãos da reprodução, a menstruação, a menopausa e o equilíbrio hormonal. A essência desta região é a gestação e o fluxo, o equilíbrio entre o eu interior e o mundo exterior. Em estado de desequilíbrio, provoca estagnação e paralisia na vida emocional e criativa da pessoa. Costuma ser o lugar do corpo por onde a energia pode vazar, fazendo com que a pessoa se sinta impotente e fora do comando de seu próprio destino. É a área de poder no corpo, onde está localizada a energia universal Chi. Por isso, quando se encontra em desequilíbrio, o sistema imunológico pode começar a enfraquecer, deixando a pessoa suscetível a doenças. É uma região regida pelo elemento água e a água guarda a memória emocional das feridas passadas.
Pessoas que trabalham com métodos de cura profunda precisam estar conscientes dos cuidados com esta região. Quando esta região do corpo está saudável e equilibrada, a pessoa está inteiramente capaz de abraçar a sua vida, atravessando com autoconfiança os obstáculos que venham a surgir na sua caminhada. A pessoa se sente livre para buscar a sua verdade, administra seus recursos com responsabilidade e torna-se capaz de curar relacionamentos, transformar emoções e mágoas profundas e recuperar o equilíbrio de sua energia vital.
Responsabilizar-se por esta aprendizagem gera a base necessária para o fortalecimento das decisões tomadas a partir de um centro interno de entrega e esperança. A partir daí aprendemos a transcender aquilo que entendemos somente por “fogo da paixão sexual” para vivenciarmos um acolhimento do nosso Eu emocional, com mais amor, carinho e espiritualidade. Aprendemos a ouvir nossa voz interna, a ter contato com aspectos superiores da nossa Alma, em abertura através da voz do coração (a voz da consciência)! Desenvolvemos maturidade para nos relacionarmos de forma mais profunda com todas as pessoas.
Acolher nossos aspectos de desenvolvimento pessoal nos coloca em contato com a voz do ventre e a voz do coração...

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

O Sagrado no Período Menstrual




As amantes da dança do ventre já sabem que a prática beneficia a mulher no seu período menstrual, reduzindo as cólicas e algumas outras oscilações corporais características deste período. Este é um dos benefícios da dança em âmbito físico. Mas vamos falar um pouquinho da parte emocional e psicológica?
As cólicas podem simbolizar um chamado para que a mulher entre em sintonia com o seu corpo.
Se considerarmos o período menstrual como um período ritualístico para o corpo e para o espírito, então as próprias aulas de dança do ventre já se tornam preparativos para a mulher entrar em contato com a sabedoria e intuição que se exacerbam neste período.
As cólicas são um lembrete para a mulher reduzir o contato com o externo e ouvir as mensagens que emanam do seu útero, do seu centro fértil, criativo e que sustenta a vida enquanto experiência do feminino.
Segundo Eleanor Gadon, “A palavra ritual vem de rtu, mênstruo em sânscrito. Os mais primitivos rituais eram relacionados ao sangramento menstrual da mulher. Acreditava-se que o sangue do útero que nutria a criança não nascida tinha mana, um poder mágico. O sangramento periódico das mulheres era um evento cósmico, como os ciclos da lua e a enchente e a vazante das marés. Nós esquecemos que as mulheres eram o conduto para o sagrado mistério da vida e da morte.”
Costumo sugerir às minhas alunas e pacientes que desenvolvam a capacidade de transformarem aspectos rotineiros da vida em ritos de celebração. Nosso crescimento enquanto seres conscientes e despertos é pautado na nossa disposição em prestarmos atenção... todo relacionamento, gesto e pensamento é abençoado com um conceito da atenção sincera que a ele dispomos.
A partir daí, escolhemos uma forma de transformar o período menstrual em um período ritualístico, começando por prepararmos o corpo para receber a menstruação durante as aulas, depois prestando atenção nas luas em que isto acontece, depois desenvolvendo um diário para anotações das percepções... enfim, cada uma de nós acaba por desenvolver uma forma de comunicação, fazendo deste momento de atenção a si mesmas um momento de profunda conexão com o Sagrado que reside dentro de si!