Alessandra Abreu - Espaço Terapêutico

"Um funcionamento inadequado da psique pode causar tremendos prejuizos ao corpo, da mesma forma que, inversamente, um sofrimento corporal pode afetar a psique, pois psique e corpo não estão separados, mas sim animados por uma mesma vida." Carl Gustav Jung
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terça-feira, 13 de abril de 2010

De dentro para fora




“Não consigo fazer assim, não consigo fazer deste jeito, não consigo fazer como você…” são frases comuns dentro de um trabalho corporal. Não imaginamos que no momento em que nos expressamos desta forma, é o nosso emocional fragilizado, inseguro, incerto, tomando a frente e se comunicando por si só.
As pessoas desapercebem que este “não conseguir” não está relacionado a capacidades e habilidades, mas sim, à condição interna de libertação e disposição para a entrega.
Mas o que isto significa?
Que estas frases de limitação geram amarras na nossa psique e sem perceber, as levamos para vários outros setores da nossa vida.
O corpo expressa todas as possibilidades, todos os caminhos que abrimos e fechamos energeticamente.
Vamos pensar assim: nosso corpo consiste de 4 componentes que estão envolvidos em cada ação. São eles o movimento, a sensação, o sentimento e o pensamento. São 4 elementos que acontecem em qualquer medida, simultaneamente, durante a dança.
O pensamento envolve a pessoa estar desperta para comunicar ao corpo o que ela gostaria que ele realizasse. Este despertar envolve a consciência, o estado de alerta e de atenção consigo mesmo para se executar o movimento.
A partir do pensamento, a pessoa define como o movimento acontece e isto está relacionado à técnica. Em momentos em que a técnica se faz menos importante, trata-se da escolha de movimentação do indivíduo no espaço, ou seja, a escolha de como o movimento vai acontecer. Aprendemos que somos capazes de ter domínio sobre o corpo, quanto mais atenção e consciência dedicamos a ele.
Os movimentos gerados pelo pensamento estarão atrelados a sensações e sentimentos. Isto envolve a conexão com os nossos cinco sentidos, consciente ou inconscientemente. Visão, tato, audição, olfato e paladar. Tudo isto desperta a sensoriedade que se transmuta dentro da dança em infinitas possibilidades de movimento! A conexão com os sentidos define o encontro do movimento da dança com a intuição e com a sensualidade, isto é, o que é sensual está ligado ao despertar dos sentidos e não ao conceito deturpado popularmente conhecido, ok?
Quanto mais profundamente nos comunicamos com o mundo interno, mais o corpo se expressa autenticamente por fora e mais auto-confiança adquirimos na nossa dança e na nossa vida.
É desta forma que vamos nos libertando do emocional inseguro e nos entregando para nós mesmos. Nos acolhemos e confiamos na nossa linguagem interna. O corpo vai se soltando e conquistando o espaço. Os movimentos vão se tornando amplos e alinhados com um bem estar mental e energético. A arte se expressa de forma mais elevada e conectada com sentimentos sublimes!

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

A Dança: alguns de seus Mitos e Símbolos


São muitos os estudos que relatam a Dança presente em diversas culturas e a relação desta com a natureza e com o Sagrado. Há cerca de seis mil anos, os egípcios reverenciavam Vênus dançando a dança da Estrela da Manhã, quando os astros noturnos desapareciam, visando manter a ordem celeste. Dançava-se figurando o movimento dos planeta. Os egípcios também homenageavam o fluxo e refluxo do rio Nilo, cujos ritmos comandavam os trabalhos de semeadura e colheita, imagens da morte e ressureição da natureza eram celebradas na primavera, nos mitos e ritos das danças que evocavam Ísis e Osíris.
Entre os gregos, diz-se que "o teatro nasceu da dança, a dança do teatro e ambos de Dionisos". A frase refere-se a um cerimonial de amassamento de uvas para fazer vinho. Os pisadores cantavam e dançavam, num ritmo que contagiava a todos, até que, fatigados, eam substituídos por outros pisadores que faziam parte da platéia e que através de cantos acompanhavam o ritmo dos primeiros. Toda a população participava deste cerimonial, formando fileiras concêntricas em torno do tanque onde se amassava as uvas, aguardando a sua vez, num processo que unia a dança ao trabalho, a dança mais uma vez Sagrada ao celebrarem o Deus Dionisos.
No Brasil, o ritual do amassamento de grãos para a feitura da farinha foi herdado das danças indígenas. Em danças circulares, o pagé defumava os guerreiros dançarinos para transmitir-lhes o espírito da coragem.
Para os africanos, o trabalho do plantio e da colheita eram pontuados por cânticos, que potencializavam a força dos trabalhadores e transformavam o trabalho agrícola em uma extensa cerimônia cantada e dançada, que desdobrava-se até o momento da batedura das espigas e da moenda dos grãos. Esta prática ainda existe inclusive no Brasil, em algumas regiões do interior da Bahia.
Já a dança indiana tem origem celestial. A dança de Shiva, o "Senhor da Dança", expressa a conservação e a destruição do mundo, assim como os ciclos permanentes da atividade divina.
Portanto, a dança representa a procedência de um indivíduo, a sua "tribo", seus costumes, seu universo sagrado em comunhão com os grandes ritmos humanos da comunidade. Segundo Garaudy (1980), "a dança nos revela a unidade de todo momento do corpo com um movimento psíquico, mostrando que o físico e o espiritual não são dois domínios separados, mas sim, dois aspectos de uma mesma realidade".

Fontes: Dança, um caminho para a totalidade. De Bernhard Wosien.
Dança, símbolos em movimento. De Marie-Gabriele Wosien.